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Leitura
Leitura

Introdução

A escrita musical é um sistema de linguagem que visa representar graficamente os sons produzidos pelos instrumentos musicais, pela voz humana ou qualquer outra fonte sonora.

Podemos fazer uma analogia entre a escrita musical e a língua portuguesa. Por exemplo, na fala nós produzimos sons que querem dizer alguma coisa e, se quisermos registrar essa fala, escrevemos em um papel. Não é igualzinho à música? Temos o som de um instrumento, e para registrá-lo anotamos num papel. Do mesmo modo que estudamos o alfabeto, os sinais de ortografia, os acentos gráficos, etc., aprendemos as figuras musicais, as pausas, os sinais de repetição, os sinais de expressão, e assim por diante. É claro que isso leva certo tempo. Ninguém aprende a ler um livro em dois dias! Portanto, tenha paciência e procure compreender todo o sistema, propondo metas e vibrando a cada nova conquista em direção aos seus objetivos.

Deste modo, se você está interessado em aprender a ler e escrever música, você deve ter o acompanhamento de um professor que te guie pelo menos no básico, que são os valores das figuras e pausas, e todos os respectivos sinais e símbolos relativos a ela. Depois de compreender como funciona o esquema de escrita musical, você poderá "se virar sozinho", pesquisando métodos, revistas e transcrevendo o máximo de músicas que puder.


Funções da Escrita Musical

Outro aspecto que divide opiniões entre os músicos é a utilidade da escrita musical. Ninguém é obrigado a saber como se escreve música. Há grandes músicos que não sabem ler uma nota. A leitura não é uma obrigação e sim uma ferramenta do músico. Vou citar três situações onde a partitura pode te ajudar:

• Imagine que você está tocando numa banda de baile com 120 músicas no repertório e, a cada semana, entram 10 músicas novas. Você vai precisar de uma "memória de elefante" ou de uma pasta com as músicas escritas; 
• Vejamos agora você num estúdio, onde o maestro fez os arranjos de um disco com 12 faixas inéditas, e nestes arranjos temos duetos com percussão, convenções com os metais, introduções de bateria, trechos com variação de fórmula de compasso, etc. Se você não for o dono do projeto, com certeza não vai ter tempo de ficar estudando e decorando as músicas no estúdio; 
• A partitura também te ajuda a criar seus próprios exercícios e auxilia na hora de você passá-los para alguém. Torna-se mais prático os músicos falarem uma linguagem única, ao invés de ficarem cuspindo as sílabas "tá tum pis tum tum" ou imaginando onde estaria aquele prato que “cai fora do tempo” mas ninguém sabe onde está.

É importante que fique bem claro que a partitura é uma ferramenta do músico. Não aprenda a ler somente para dizer: "Eu leio música, eu sou o cara!". Tome muito cuidado para não virar apenas um colecionador de métodos e partituras, faça MÚSICA!


Simbologia

Como toda linguagem, a música tem seu sistema próprio de símbolos. Vamos ver como ele funciona.


Pentagrama

A grafia própria da música se chama notação, isto é, uma grafia por meio de notas. Neste sistema, as figuras musicais são escritas sobre uma pauta composta de cinco linhas horizontais paralelas (pentagrama) e quatro espaços, contados de baixo para cima.

 

 

A notação musical pode expressar a duração e altura de cada nota, o instrumento a ser tocado, o andamento (velocidade) da peça musical, e até mesmo a intensidade (força) com que tocamos as notas. Ela nos mostra onde o som da nota começa e qual a duração deste som. A indicação de duração é determinada pelo formato da nota. Veja abaixo as partes que compõem uma figura musical:

Toda nota possui uma “cabeça”. Toda vez que houver a cabeça de uma nota haverá um som. É super simples! A cabeça da nota pode ser vazia ou cheia. Às vezes a cabeça da nota possui uma haste. Como está indicada abaixo, a haste pode estar virada para cima ou para baixo, dependendo da posição da nota no pentagrama. Notas abaixo do centro do pentagrama geralmente têm sua haste para cima e notas acima do centro do pentagrama geralmente têm sua haste para baixo.

 

 

No caso da bateria, como representamos vários instrumentos ao mesmo tempo (bumbo, caixa, tambores, pratos, etc.), posicionamos as hastes de maneira que a escrita fique clara. Observe a diferença, nos exemplos abaixo:

 

 

Os colchetes também são usados para determinar a duração da nota. Uma haste pode ter até quatro colchetes. Estudaremos este conceito mais tarde.


Sistemas Alternativos

Para a notação de um único instrumento de percussão atonal (altura da nota não determinada), pode-se usar o sistema de apenas uma linha. Veja o exemplo da caixa:

 

 

Alguns compositores usam sistemas de 2, 3 ou 4 linhas para representar grupos de instrumentos de percussão atonais. Exemplo:

 

 
 
 
 
 

Semínima

Vamos dar início à leitura musical conhecendo uma figura chamada semínima. Não entrando ainda no mérito de fórmulas de compasso, vamos assumir que a *semínima vale 1 tempo. Então temos uma semínima para cada pulso:

 

*Dependendo da fórmula de compasso, a semínima pode ter outro valor. Este conceito será facilmente compreendido mais tarde.

Clique aqui e ouça uma seqüência de semínimas tocadas num piano

Clique aqui e ouça uma seqüência de semínimas tocadas na caixa da bateria


Percebeu a diferença? O que aconteceu? Cada instrumento tem suas características próprias dependendo do material o qual é constituído. Na bateria temos uma enorme variedade de instrumentos, conseqüentemente temos uma enorme variedade de materiais com ressonâncias diferentes. Por exemplo, um tom de 14” tem uma ressonância maior do que um de 8”. Um cowbell tem uma ressonância menor do que um prato de 16”. Assim, no piano, uma semínima “ressoa” pelo tempo inteiro enquanto que em uma caixa de bateria ela resulta num som mais “seco”, chamado de Staccato.

 

Então, porque devo aprender o valor exato das figuras musicais se nem sempre os instrumentos da bateria vão proporcionar este valor? Vou dar dois motivos importantes. O primeiro é que se fôssemos registrar exatamente a duração de cada instrumento da bateria, a partitura ficaria tão complexa que seria quase impossível sua leitura. Outro motivo é que, nem sempre teremos acesso a partituras de bateria. Em muitas situações musicais, nos deparamos com partituras de piano, metais, guitarra, etc. Este material nos oferece o valor real das figuras musicais, o que nos possibilita trabalharmos essas variações escolhendo os instrumentos adequados para cada situação. Por exemplo: Se eu vejo uma seqüência de "figuras curtas" no trompete, não vou usar um crash de 18”, vou escolher algo que se encaixe melhor no contexto, talvez um splash. Do mesmo modo, se na partitura do piano tiverem ataques com figuras longas, vou procurar algum instrumento que “combine” com elas.

Voltando à semínima, vamos começar estudando de uma maneira que nos ajude a memorizar o seu “valor real”. Para este exercício, use um surdo ou um prato de ataque para que você possa perceber a ressonância do instrumento. Simplesmente toque as semínimas e perceba que o som de uma batida se junta ao som da próxima batida.

 

Pausa de semínima

Do mesmo modo que registramos graficamente um som, podemos registrar um período de silêncio. Este símbolo recebe o nome de Pausa (conhecida também como Figura Negativa) e tem a mesma duração da Figura. Portanto, se uma semínima oferece 1 tempo de som, a pausa de semínima oferece 1 tempo de silêncio.

Para podermos produzir o valor real da semínima e pausa de semínima vamos fazer um exercício semelhante ao anterior. A diferença é que aqui, nós interrompemos o som do surdo ou do prato quando aparece a pausa. Note que não devemos parar o som antes ou depois da pausa. É exatamente “em cima dela” que o som é interrompido.

 


Para fixar os conceitos vistos até aqui, pratique este exercício:




Compasso

Até aqui você viu a duração exata da semínima e pausa de semínima. Agora vamos simplesmente agrupar essas figuras numa certa quantidade, por exemplo, de duas em duas, de três em três, de quatro em quatro, etc. Cada grupo vai formar o que chamamos de Compasso. Na partitura os compassos são divididos a partir de linhas verticais desenhadas sobre a pauta. Estas linhas recebem o nome de Barras de Compasso.

Cada compasso destes recebe um nome específico que está relacionado com o número de tempos que ele possui. Assim, o compasso de dois tempos é chamado de Binário, o de três tempos de Ternário, o de quatro tempos de Quaternário e assim por diante.

A figura abaixo mostra compassos de dois, três e quatro tempos:


Podemos combinar também as semínimas com as suas pausas:


Compasso simples 

Como você deve ter notado, na figura anterior aparecem dois números em forma de fração, logo após a clave. Estes números são chamados de Fórmula de Compasso. Vamos nos aprofundar neste conceito um pouco mais adiante. Por enquanto, perceba somente que, num Compasso Simples,  o numerador (número de cima da fórmula) representa a quantidade de tempos que o compasso possui. Note que é a quantidade de tempos e não a quantidade de notas!

Pratique os exercícios abaixo prestando atenção em tudo o que falamos até agora:

Use um surdo ou prato de ataque;
Interrompa o som nas pausas;
Preste atenção no numerador da fórmula de compasso;
Conte os tempos em voz alta.

 

 

 

 

 

 

 

Olá pessoal, vamos praticar um pouco mais a leitura das semínimas e pausas de semínima.

Temos aqui alguns Duetos, ou seja, peças escritas para dois instrumentos. No nosso caso, usaremos a caixa e o surdo. 
 
Lembre-se de:

- Interromper o som nas pausas (quando estiver usando instrumentos que prolongam o som);
- Prestar atenção no numerador da fórmula de compasso (para fazer a contagem de maneira correta);
- Contar os tempos em voz alta.
 
Outras sugestões:

- Convide um amigo para praticar este material;
- Toque as duas linhas (ao mesmo tempo) na bateria usando a caixa e o bumbo ou a caixa e o surdo;
- Adicione outro instrumento nas pausas.
 
 
 
Use estes exemplos em áudio para praticar o material: