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Entrevistas
Entrevistas

Você sabe o que é Etnomusicologia, capoeira Angola? A professora Wênia respondeu ao site Batera.com.br

De Patos, sertão da Paraíba, a Etnomusicóloga, pedagoga, produtora cultural, educadora musical e mãe, Wênia Xavier, teve seu primeiro contato com a música e com a percussão através da dança. Ela participou de grupos de dança folclórica e da cultura midiática dos 3 aos 13 anos. “Tinha muita facilidade em criar coreografias e gostava de estar no palco me apresentando”, diz.

Seu amigo, o baterista Gledson Meira, lhe deu as primeiras aulas de bateria, depois a encaminhou para um curso no Departamento de música da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, no qual ela se formou em Percussão.

Hoje com um vasto currículo, Wênia é, principalmente, professora de percussão na Escola de música Anthenor Navarro – EMAN e integrante da Orquestra Sinfônica do RN, além de vários outros projetos, entre eles, organizadora do evento Dia Percussivo, que nesse ano se chamará 5º Dia Percussivo/ Festival Paraíba Percussiva. “No ano passado ofereceu 15 oficinas gratuitas, 22 grupos e artistas se apresentaram de percussão erudita, popular e bateria, houve também exposição de instrumentos, mostra de vídeos, seminários, palestras, mesa-redonda, concurso e produzimos sempre um documentário sobre o homenageado do ano”, informa.

Site Batera: Com um currículo como o seu, lhe falta algo?

 

Wênia: Apesar de já ter feito muita coisa, no âmbito acadêmico, artístico e da produção cultural, me considero apenas engatinhando. A música percussiva nos permite uma grande gama de possibilidades de trabalho e nesse sentido tenho uma lista de projetos. Na minha formação pretendo fazer um doutorado na área, como professora pretendo me estabilizar no ensino superior. Pretendo também realizar um projeto social grande através da música, no futuro pelo meu bairro que tem um alto índice de violência. Para isso, estou registrando este ano a minha associação, a "A Associação Paraíba Percussiva" que envolve o meu blog "Paraíba Percussiva", os eventos que organizo, os grupos de percussão que coordeno (o Percussons de música erudita e o Batuque das Calungas de música popular) e posteriormente que se transformará em uma escola. Pretendo também desenvolver um trabalho voluntário de música no Centro Espírita Kardecista do qual participo. Também quero conhecer outros grupos, instrumentos, técnicas, pessoas, outras culturas de uma forma em geral, que me abrirão mais a mente para poder pensar melhor sobre a música que crio, os arranjos para percussão, a transmissão musical e a minha concepção de música e de Etnomusicologia. Estou com dois projetos prontos para lançar um métodos e um livro sobre a percussão na capoeira angola, mas provavelmente só para o ano que vem.

 

Site Batera: Fale um pouco mais sobre Etnomusicologia. Primeira vez que ouço esse termo.

Wênia: A Etnomusicologia é um termo relativamente recente em relação às outras ciências. Foi instituída há pouco mais de 100 anos na Europa. É uma disciplina que está entre a Antropologia Cultural e a Musicologia. Utiliza-se dos métodos de investigação das Ciências Sociais e dos conteúdos musicológicos. Já foi chamada de Musicologia Comparativa (quando a Musicologia dividiu-se em Histórica e Comparativa). Investiga basicamente o homem e sua música no contexto cultural que a produz e para isso, o investigador precisa estar em contato direto com os nativos, para que sua compreensão seja a mais próxima possível da realidade estudada. A música é nesse sentido, a própria cultura e não apenas um elemento dela. Antes o antropólogo fazia as gravações musicais do objeto de estudo e o musicólogo transcrevia as partituras, sem ter nenhuma noção do significado daquela música, nem de suas técnicas, posturas e isso tornava as partituras inclusive pouco idiomáticas. As partituras não possibilitavam a compreensão e apreciação das músicas e tornou-se necessário que o musicólogo mergulhasse na cultura onde soavam estas músicas adotando uma perspectiva antropológica. O termo Etnomusicologia em si só surgiu em 1950, mas o expoente do Modernismo brasileiro, Mário de Andrade, já realizava pesquisas etnomusicológicas (mesmo antes do termo se firmar nos EUA) com sua vinda ao nordeste brasileiro e outros estados em 1928 e o registro das "Missões de Pesquisas Folclóricas" em 1938. O próprio sentido da afinação musical que temos, vem de uma visão cultural eurocêntrica, mas dentro da visão da Etno,  uma música de uma determinada cultura pode soar desafinado para nós e não para eles. A notação musical na etnomusicologia também pode ser relativa, pois, nem tudo que se produz musicalmente nas culturas é possível de encaixar dentro da notação tradicional. O Brasil é referência em muitos trabalhos Etnomusicológicos sobre a cultura indígena, o samba do recôncavo baiano, a cultura afro no Brasil, a Amazônia, e muitos pesquisadores contribuíram para isso como Rafael José de Menezes Bastos, Carlos Sandroni, entre outros. A criação da disciplina Etnomusicologia dentro dos cursos de Antropologia a partir dos anos 1990 e dos Cursos de Pós-Graduação, a Criação da ABET (Associação Brasileira de Etnomusicologia) em 2001 também contribuíram para o desenvolvimento da Etnomusicologia no Brasil. A UFPB na Paraíba é um dos centros de referência nesse sentido com um mestrado que recebe o conceito 4 pelo MEC. Foi onde fiz meu curso de mestrado pesquisando sobre a capoeira angola na Paraíba.  

Site Batera:  Você se aperfeiçoou em algum estilo musical? 

Wênia: Comecei estudando bateria e quando fui estudar percussão erudita na UFPB logo me chamaram para tocar em orquestras, bandas, pra dar aula. Tudo aconteceu e ainda acontece muito rápido para mim. Comecei a estudar música relativamente tarde com 18 anos, me formei em minha primeira graduação (em Pedagogia) aos 19 anos. Naquela época não tinham muitos percussionistas orquestrais por aqui, apenas uma geração formada por Odair que estava toda empregada. Então tocava bastante tanto em orquestras quanto em bandas. Me identifico com o trabalho orquestral mas, me identifico mais ainda com o trabalho da música popular, especialmente tudo que diz respeito á cultura popular nordestina. Não posso dizer que sou especialista no assunto, mas procuro pesquisar sempre sobre a diversidade musical do nordeste. 

Site Batera: Porque você optou em estudar mais a capoeira Angola?

Wênia: A capoeira é oriunda da experiência sóciocultural de africanos e seus descendentes no Brasil, tendo grande aceitação de que se originou no processo de colonização brasileira. Os negros foram escravizados, torturados, humilhados e não aceitaram pacificamente o cativeiro. Refugiaram-se em quilombos e  criaram  uma forma de luta, disfarçada de dança, inspirada no  N´golo - uma dança-luta africana que fazia parte do ritual de passagem para a adolescência imitando o movimento das zebras. Após a abolição da escravatura, os negros ficaram livres mas marginalizados, sem teto e sem emprego e começaram a roubar e saquear com o auxílio da capoeira. Por muito tempo foi chamada apenas de capoeira. Seu maior representante foi Vicente Ferreira Pastinha (Mestre Pastinha). Sua prática foi proibida por lei através do código penal 187 de 11 de outubro de 1890, por duas décadas no Brasil. Esta lei foi revogada no governo Getúlio Vargas, onde Manuel dos Reis Machado (Mestre Bimba) passou a dar aulas para a a guarda do Presidente em um recinto fechado chamado de Centro de Cultura Física e Regional, a primeira academia de capoeira com alvará de funcionamento em 1932. O Mestre Bimba, uniu à capoeira a técnica do boxe e do jiu-jitsu e criou um método de ensino que chamou de Capoeira Regional. Desta forma, a capoeira que não era regional era chamada de Capoeira Angola ou Capoeira Mãe, voltada mais para as tradições, enquanto a Regional era mais voltada para a prática desportiva. Tanto a Angola como a Regional são capoeiras genuinamente brasileiras, criadas no Brasil por negros africanos e reconhecida em 2008 pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como patrimônio cultural e imaterial brasileiro. Desde 1926, a capoeira já poderia ter obtido este registro, mas seria um paradoxo uma prática considerada crime, ser imediatamente reconhecida como símbolo da identidade cultural de um povo. Felizmente com a reformulação do conceito de patrimônio cultural a capoeira pode obter esse reconhecimento. Os estados brasileiros onde ela primeiramente se desenvolveu foram os Estados do Rio de Janeiro,da Bahia e de Pernambuco. De Pernambuco veio para a Paraíba o Mestre soteropolitano Zumbi Bahia que trouxe seus ensinamentos por volta de 1979. De lá para cá se formaram grupos e associações. O Grupo Capoeira Angola Comunidade é um dos mais antigos em atividade na Paraíba com 32 anos e o Mestre Naldinho é o mestre de capoeira que primeiro se formou no Estado. Foi sobre este grupo minha pesquisa de mestrado. Também com este grupo participo da Orquestra de Berimbaus Angola Comunidade, até onde se tem notícia, a mais antiga orquestra de berimbaus do país, desde 1995. 

Site batera: Porque saiu do grupo "As bastianas", já que foi umas das criadoras? Pode falar?

Wênia: Criei o grupo "As Bastianas" em março de 1999, havia acabado de sair da Banda Labacé do Cantor Escurinho. Na época existia apenas dois grupos femininos ativos em João Pessoa, o Nossa Voz (grupo vocal) e a Banda Absurdos (de pop rock). Foi uma inovação para a época.  Atualmente existem muitas bandas em João Pessoa formada por mulheres como o Clã Brasil, Lírios do Gueto, Batuque de Saia, As Calungas, entre outras. Conduzi o grupo por dois anos até o momento em que foram morar em São Paulo. Já tinha meu emprego na Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte. Muitas das minhas idéias estão no primeiro CD, embora não tenha gravado o primeiro CD na versão definitiva. Quando muitas das meninas saíram do grupo, fui convidada novamente para voltar, fiz temporada em São Paulo, onde fizemos os arranjos para o segundo CD. Ao longo dos anos, não me identifiquei mais com a proposta do grupo que não tinha mais os mesmos conceitos e objetivos iniciais. Muitas de minhas alunas também passaram pelo grupo. Hoje só tem uma pessoa da formação inicial e boa parte do grupo é formada por homens.

Site Batera: Quais são seus projetos para 2012?

Wênia: Este ano pretendo realizar o 5º Dia Percussivo/ Festival Paraíba Percussiva 2012, fazer a direção musical do primeiro CD do grupo Percussons com músicas inéditas para percussão de compositores paraibanos, gravar o segundo CD de Naldinho Braga com quem estarei tocando em alguns editais já selecionados. Pretendo concluir uma pós graduação em performance em Natal, dar continuidade a licenciatura em música na UFPB, participar da equipe de gravação do DVD sobre a vida e obra do músico paraibano Manoel Serafim, já falecido , que  foi da Banda de Jackson do Pandeiro. Fazer a temporada 2012 da Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte, continuar com o trabalho de percussão sinfônica da Escola de Música Anthenor Navarro e continuar o trabalho de percussão popular através de oficinas nos bairros da capital paraibana. Tudo isso requer um planejamento muito organizado para poder além trabalho dar conta da casa, familia - dos meus pequenos filhotes Uirá (5 anos), Júlia (3 anos) e do marido que também é músico, do espírito (no centro que frequento há 7 anos) e da saúde pois estou com acompanhamento nutricional e físico, fazendo cerca de duas horas de musculação por dia para aguentar o pique e o stress das atividades diárias. 

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O que acha de tentarmos, juntos, um groove de percussão corporal?

Pedro Consorte, recém chegado ao grupo inglês, Stomp, dá as dicas. Ele também fala sobre sua mudança de "ares" em 2011 e quando descobriu sobre as possibilidades de sons que seu corpo podia transmitir.

Foi sua mãe o ensinou: "Ela tinha aprendido um groove básico de percussão corporal, e quando me mostrou, eu achei interessante, mas não passava de brincadeira", lembrou.

Ele, que começou no grupo de estudos do grupo experimental de percussão corporal, Barbatuques, em 2011 recebeu convite para integrar esse grupo que o exige além dos sons de seu corpo: percussão, danças, malabarismos e muito do teatro. 

Se alguém passar por Londres qualquer dia desses, passe pelo show do Stomp para dar um "oi" ao Pedro. 

Logo mais, Pedro Consorte fará parte da sessão de colunistas do site Batera.com.br.

 

Site Batera:  Quando você iniciou com a percussão corporal? Foi no Barbatuques?

Pedro: Eu comecei a brincar de percussão corporal quando tinha uns 13 anos. Um dia, minha mãe chegou de uma festa, onde ela tinha aprendido um groove básico de percussão corporal, e me ensinou. Quando ela me mostrou, eu achei interessante, mas pra mim aquilo não passava de uma brincadeira musical, uma diversão sem comprometimento. Brinquei sozinho com aquela técnica durante alguns anos, e só depois fui descobrir que o cara que tinha ensinado o groove pra galera da festa era o Fernando Barba, criador e diretor dos Barbatuques. 

Fui me desenvolvendo sozinho até que entrei no Colégio Friburgo, em São Paulo. No colégio, havia aulas opcionais de percussão corporal com o Cadu Granja, integrante do grupo de estudos do Fernando Barba. Então, comecei a fazer aulas com ele, me destaquei porque já tinha mais familiaridade, virei monitor da aula, até que o próprio Barba me convidou para participar do grupo de estudos, na escola de música AUÊ (Higienópolis - São Paulo). Desde então, o estudo começou a ganhar uma outra proporção e nível de aprofundamento. Eu não parei mais.

Site Batera: Conta um pouco sobre esse ambiente artístico que você cresceu.

Pedro: Na minha família, existem pessoas muito interessantes: artistas, pesquisadores, intelectuais, provocadores, etc. É uma mistura que só podia me empurrar pra frente. Por parte de mãe, tenho mãe cantora e avó pianista. Por parte de pai, tenho pai compositor e guitarrista, avô ator e avó antropóloga. Mesmo sendo pessoas que trabalham com um alto nível de exigência na qualidade de cada universo, nunca ninguém ditou qual deveria ser o meu caminho profissional. As pessoas sempre me apoiavam em qualquer decisão e a única condição era que eu fizesse bem feito. Com certeza esse ambiente construiu grande parte do que sou hoje.

Durante a minha infância, não fiz muita distinção entre o que era arte e o que não era. Dentro da minha família, não havia separação entre uma coisa e outra, e grande parte da base do meu desenvolvimento artístico aconteceu de maneira bem intuitiva. Em razão de muitas pessoas trabalharem na área das artes e pensarem arte em volta de mim, durante o meu crescimento, o aprendizado foi muito tácito. Eu estava sempre onde aconteciam os ensaios, shows, espetáculos, etc, e muito do que eu aprendi não foi de forma consciente. Talvez isso tenha acontecido pelo fato de o estímulo artístico sempre vir de maneira informal e orgânica. Do melhor jeito!

Site Batera: Quando você descobriu que seu corpo podia emitir tantos sons?

Pedro: Pensar em sons do corpo pode ser muito engraçado, principalmente porque, culturalmente, alguns sons produzidos pelo corpo são considerados inapropriados. Pense em todos os sons que o seu corpo pode produzir. Existem aqueles involuntários e os mais propositais. O que acontece é que culturalmente a gente estipula que um certo som é mais apropriado que outro. E isso varia de cultura pra cultura. A exploração dos sons do corpo parecem ter por natureza um caráter bastante lúdico, e é por isso também que está presente nas brincadeiras infantis. Mas há um outro lado dessa história, também muito interessante. 

Todos nós emitimos muitos sons com o nosso corpo e capacidade de produção de som com o próprio corpo é muito mais importante do que a gente imagina. A nossa relação com os sons corporais é uma relação tão ancestral que, às vezes, chega a ser difícil identificar quais são eles e para que podem ser usados. Quando a gente é criança, parece que existe mais liberdade para brincarmos e explorarmos os sons do corpo. Já quando crescemos, há menos espaço para certos sons, até porque estipulamos culturalmente os sons que serão utilizados como ferramentas-padrão na comunicação, e isso nos faz deixar de lado alguns outros sons interessantes, como o estalo de língua, a palma, vocalizações diversas, etc. 

Como eu comecei a praticar a percussão corporal enquanto passava para a adolescência, acho que ainda havia uma liberdade lúdica nas minhas atividades e isso me fez passar despercebido pelo fato de estar explorando os sons do meu próprio corpo. Pra mim era pura e simples diversão. Também pelo fato de a percussão corporal ter se desenvolvido na minha vida por meio de um caráter prático muito grande, eu nem parava pra pensar em teorias, análises e críticas. Nem tinha capacidade pra isso, quando comecei. Mas, conforme fui conversando com as pessoas, dando aulas, praticando e, inclusive, estudando na faculdade de Comunicação de Artes do Corpo (PUC-SP), percebi a importância da análise crítica sobre os nossos trabalhos e processos de pesquisa. Acho que foi aí que comecei a realmente entender a dimensão do potencial da minha prática.

Site Batera: Quais os sons que você consegue simular? E fale que parte do corpo você utiliza quando quer fazer determinados tipos de sons, tipo mais graves e mais agudos.

Pedro: Existem artistas que trabalham, por meio dos sons corporais, a simulação de outros sons. Alguns artistas dessa linha imitam os sons de instrumentos musicais. Outros desenvolvem um trabalho de sonoplastia só com sons do corpo. Eu, na verdade, tenho uma outra direção: pesquiso a descoberta dos sons do corpo como sons do corpo em si, e não como uma imitação de outros sons. 

As capacidades sonoras do corpo são infinitas! Para poder organizar o pensamento sobre as possibilidades sonoras, a princípio, podemos dividí-las em sons vocais e sons percussivos. Só com a voz, existem milhares de caminhos de pesquisa e desenvolvimento, sendo que, alguns, já são bem populares. Se fizermos um recorte na gama de sons corporais para poder aprofundar o assunto, podemos falar só dos sons percussivos e organizá-los em graves, médios e agudos. A batida no peito ou do pé no chão, dependendo do piso, são os sons mais graves do corpo. Sons médios podem ser encontrados na batida das mãos em diversas partes do corpo, como coxas, braços, costas, etc, com exceção da caixa torácica que é mais grave. Os sons mais agudos e estridentes podem ser encontrados nos diversos timbres de palma de mão, palmas de boca (que utilizam a cavidade bucal para a ressonância) e estalos de dedo. Mas nada disso é regra. Cada pessoa tem um corpo diferente e o mais legal é ver que cada corpo produz um tipo de som.

Se quisermos, podemos experimentar agora mesmo uma rápida transposição dos sons da bateria para o corpo. Pegue um groove, organíze-o em timbres graves, médios e agudos e transponha pra os timbres do corpo. Este é um dos possíveis caminhos de pesquisa na percussão corporal para quem já está familiarizado com os sons da bateria e como ela funciona.

Site Batera: Quanto tempo ficou no Barbatuques?

Pedro: Na verdade, eu nunca fui dos Barbatuques. Sempre fui muito fã dos Barbatuques e fiz parte do grupo de estudos deles, coordenado pelo Fernando Barba. No grupo de estudos do Barba, comecei em 2006, estudei durante um ano e depois viajei pra Inglaterra, onde morei um ano e meio. Quando voltei pro grupo de estudos, em 2009, nunca mais saí. Hoje em dia, o grupo chama FRITOS e eu sou um dos coordenadores, ao lado de Ronaldo dos Santos e Cadu Granja, meu ex-professor. Lá a gente desenvolve um trabalho muito especial, com exercícios de coordenação motora, musicalidade, percepção e muito mais.

Site Batera: Como foi a mudança entre um grupo e outro? Houve alguma dificuldade?

Pedro: O STOMP é um grupo que trabalha com uma exigência alta em cima do artista, e é também por isso que o espetáculo é bom. Nas minhas experiências prévias ao STOMP, tive contato com todas as ferramentas que são usadas no show: percussão, dança, teatro, malabarismo, etc. Porém, nunca havia experimentado tudo ao mesmo! Esse aspecto elevou muito a qualidade das minhas habilidades, inclusive a capacidade de coordenação motora e concentração.

A entrada no STOMP foi um desafio, também, na área técnica da percussão corporal. Porquê a minha técnica era baseada na técnica dos Barbatuques, tive que adaptá-la ao novo estilo. Basicamente, no STOMP, há menos artistas no palco, os sons tocados são os sons mais volumosos do corpo e a composição musical se estrutura em diferentes linhas rítmicas. A linhas são complementares e tocadas cada uma por um integrante. Cada linha se combina com a outra para resultar na união de todas e na construção da música. Já no trabalho dos Barbatuques, de maneira geral, podemos identificar os músicos tocando freqüentemente em uníssono, ou eu naipes, e isso dá mais volume mesmo para timbres sutis e delicados, que não têm tanto espaço no show do STOMP.

Site Batera: O Stomp tem a dramatização na dança, coreografias mais elaboradas, em relação ao Barbatuques que é um grupo apenas de percussão corporal. Você já havia trabalhado com a dança anteriormente?

Pedro: O STOMP e o Barbatuques são trabalhos completamente diferentes, inclusive no quesito filosófico. O STOMP é um mega show. O Barbatuques é um grupo experimental. Os dois têm trabalhos muito interessantes e são muito bons, cada um em sua proposta. Mesmo assim, eles possuem a percussão corporal em comum, sendo que no STOMP há apenas um número de percussão corporal, e essa é uma possível linha de comparação.

Na minha formação, tive experiências variadas em campos variados, e acho que isso sempre vai me dar pontos de vista complementares sobre, inclusive, as linguagens artísticas. O caráter teatral e a presença da coreografia, do movimento, são qualidades com as quais eu já havia tido contato antes de entrar no show do STOMP. Para alguma pessoas, chega a ser difícil definir se o espetáculo é um show de percussão, se é dança ou se é teatro. Talvez nem haja a necessidade de separarmos as linguagens. O importante é perceber que a mistura ou não-separação são caminhos muito interessantes para o desenvolvimento artístico. 

Pelo fato de eu sempre me jogar em situações que não necessariamente fazem parte da minha zona de conforto, consegui experimentar diversos aspectos das linguagens artísticas. Também pela minha experiência no curso de Comunicação das Artes do Corpo (PUC-SP), tive contato com a contaminação e hibridez possíveis de serem desenvolvidas nas pesquisas artísticas, e isso me deu uma boa noção. Me considero engatinhando em muitas delas, mas isso só me estimula cada vez mais. Como é bom não saber! Admitir que você não sabe algo é a chave para o aprendizado e o desenvolvimento.

Site Batera: Quem cria as coreografias do Stomp?

Pedro: Quem trabalha na parte principal de criação do show são os criadores e diretores do show, Luke Cresswel e Steve McNicholas. Mesmo assim, há bastante espaço para improvisação, não só cênica, como também musical. Em praticamente todos os números que fazemos, há partes "escritas", onde é preciso seguir à risca a partitura musical ou de movimento, e há partes de criação própria e improvisação. 

Em qualquer uma das condições, o tônus muscular, a concentração e o reflexo têm que estar bem afiados, porquê trabalhamos com muito movimento e, se algo dá errado, alguém pode sair seriamente machucado. No show, não só tocamos com objetos dos mais variados tamanhos e materiais, mas também nos movimentamos muito, pulando, arremessando, correndo, subindo, descendo. Pra isso, precisa haver bastante entrosamento, ensaio, seriedade e concentração.

Site Batera: Porque você escolheu a Inglaterra para estudar música?

Pedro: Eu fui para Inglaterra depois de acabar o colegial, porque não sabia o que fazer de faculdade. Nessa época, já trabalhava profissionalmente com percussão mas não havia estudado muita teoria. Sabia que gostava da música só que não tinha certeza se queria fazer faculdade nessa área. Então, fui pra Europa, estudei inglês, viajei e encontrei na Inglaterra um curso de música muito bom na Canterbury Christ Church University, universidade com tradição musical de alta qualidade. Era um curso intensivo de um ano, onde as matérias cobriam aspectos da música completamente diferentes uns dos outros e, ao mesmo tempo, complementares. Ter feito este curso, pôde me introduzir a universos da música que eu ainda não conhecia, inclusive à teoria musical. 

Ao longo da vida, acho que fui quebrando preconceitos e percebendo que conhecimento nunca é demais. Sempre é muito válido você desenvolver pontos de vista diferentes sobre o seu material de trabalho, e expandir os interesses para além da sua área específica só vai enriquecer e melhorar a qualidade do seu trabalho. Vai seu modo de ver a arte e de ver o mundo.

Site Batera: Fale um pouco sobre seus projetos a atividades paralelas.

Pedro: Neste momento, estou em Londres trabalhando com o show do STOMP, entre outros projetos. Inclusive, se alguém passar por aqui, venha dar um "oi" no show! Fora isso, participo ativamente no Centro Acadêmico do curso de Comunicação das Artes do Corpo (PUC-SP), onde a gente organiza eventos super interessantes. Tenho coordenado, agora à distância, o grupo de estudos de música/percussão corporal FRITOS, ao lado do Cadu Souza e do Ronaldo dos Santos, e continuo também minha pesquisa individual com as relações entre som e movimento. Além disso, desenvolvo meus textos abordando assuntos relacionados a música, som, corpo e movimento, publicando artigos no meu próprio Blog, no Blog dos FRITOS e, logo, começarei a escrever aqui no BATERA.COM.BR! 

Site Batera: Tem alguma previsão para o Stomp se apresentar no Brasil?

Pedro: O STOMP tem 4 companhias espalhadas pelo mundo: turnê americana, Nova Iorque, turnê européia e Londres. No Brasil, e na América do Sul, o show costuma se apresentar de dois em dois anos, e a companhia que atua nessas áreas é a turnê americana. A última vez foi no final de 2010, e é possível que haja uma próxima turnê passando pelo Brasil em 2013, mas não posso garantir com certeza. Eu tenho trabalhado para a turnê européia e agora para o elenco de Londres, mas se eu souber que irão ao Brasil, serei o primeiro a pedir transferência! hahaha


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Trombone? Como assim Tiago?

Sim, isso mesmo.

Tiago de Souza é um carioca todo tranqüilo e parece não se preocupar com nada. Talvez não esteja aprendendo somente técnicas da bateria com seu mestre Kiko Freitas, aprende também que essa calma que é importantíssima na hora de deixar a música fluir.

Ele começou a tocar em 1994 quando entrou para um grupo de teoria na igreja, mas não foi a bateria seu instrumento, foi o trombone. Logo ele desanimou, foi procurar outros rumos e fez faculdade de História.

Não sei se caiu de pára-quedas, asa-delta ou parapentes, mas sua ida para a Bateria foi inesperada, ou quem sabe, era o destino?

Na terra dos saltos, dos jogos de palavras, de praia e do jeito “moleque”, terra do Samba ou da Bossa Nova, de Edson Machado e Milton Banana, conversamos com esse novo baterista, com apenas 5 anos de carreira, que representará o Brasil na Alemanha, no dia 24 de março, no concurso Drummers of Tomorrow (DOT) . Classificado no Batuka de 2011, tocou para Damien Schmitt, Quintino Cinalli, Dom Famularo e Aquiles Priester. Tiago diz que ainda não preparou nada para sua apresentação.

Criatividade não lhe falta, já que ele se inspirou em temas como o da Familia Adams e Lady Gaga, em suas apresentações.

 

Site Batera: Como e quando foi seu início na bateria?

Tiago: Comecei em 1994 tocando trombone num grupo de teoria da igreja.  Mas eu fui me desanimando, sai e fui estudar História. Em 2002 estava meio desligado, tocava na igreja aqui e ali, mas sempre trombone. Eu tinha um amigo que tocava Dream Theater, Symphony X, e me convidou para tocar bateria. Eu falei que não tocava nada, mas ele insistiu e disse que era mole, só prestar atenção. Tudo bem, eu fui. Era uma Yamaha gigante, pedal duplo, tipo Igor Cavalera, saca? Ah, eu fui lá e arrisquei. Eu já gostava muito de Phil Collins, só que já cai num Virgil Donati, Thomas Lang da vida e fui indo. Conforme foi passando, a vida foi me dando umas pedradas, vi que precisava estudar. Tive aula com Claudio Infante, Cristiano Galvão,  entre outros, Lellei Pinheiros foi me quebrando e me ensinando muitas coisas, me transformando. Atualmente faço aulas com o mestre Kiko Freitas.

Como surgiu idéia de participação do Batuka, do “Drummers of Tomorrow”?

Eu sempre lia sobre o Batuka porque ouvia muitos falando sobre, uma galera daqui do Rio já participou e ganhou, mas não conhecia o Drummers of Tomorrow. Em 2007 eu tinha participado de um concurso da Odery, mas o vídeo ficou muito ruim, não era a hora certa. Hoje eu vejo o vídeo e não agüento de tão ruim. Quando eu vi no facebook do Isaias Alves e vi que ele tinha participado do Batuka, tinha começado as aulas com o Kiko e me sentia no momento certo, tomei coragem e decidi participar. Faltavam duas semanas para fechar, liguei para uns amigos e pedi ajuda para tentar organizar e fazer um vídeo. No estúdio só tinha horário para meia noite, o solo que eu mandei foi realizado às 4 da manhã. Pensando no repertório, poxa, era Batuka, então tinha que ser uma pegada mais Brasil. No vídeo eram partes, sendo: um minuto tocando samba, mais um tocando frevo, tocando jazz, 8 compassos de grooves e outro de solo. Eu toquei uma música de uma amigo meu, o Everton Dias, no solo.

Site Batera: O que mudou pra você depois de sua participação?

Acho que a primeira coisa foi a forma do jeito que as pessoas te vê, eu comecei a tocar em 2002, comecei  a estudar sério de 2006 pra frente e vi que não tinha estudado quase nada quando comecei a estudar com o Kiko.  

Eu já perdi uma gig por que levei uma porrada de equipamento, eu não tinha noção das coisas e por você não saber de certas coisas, as pessoas acabam te olhando de outra forma.

Quando você está bem acompanhado, quando estuda, as pessoas já passam a ter ver de outra forma, mas se você não fez nada, não pode cobrar isso, tem que aparecer, não tem jeito.

Site Batera: Você prefere música brasileira?

Ah, a referência vem de fora. Mas isso aqui não é Estados Unidos.

Não sei se prefiro. Eu tenho uma banda chamada Quadrante que é meio Oasis, Radiohead, sei lá, eu gosto de muita coisa. Encaro a música com um trabalho como outro qualquer e respeito a música de uma forma geral.

Não é que você tem que ouvir música argentina, brasileira, enfim. Está ali, ouve e absorve, isso te enriquece.

Site Batera: Com o Kiko você tem um foco?

Tiago: Tenho tentado acertar minha técnica. Eu tinha muito problema com o Traditional Grip, então você vai vendo essas coisas pra tentar acertar. Quando eu fui ao batuka ainda não estava bem com essa técnica.

Site Batera: E você, o que tem feito?

Tiago: Eu tenho alguns trabalhos, mas o foco é no grupo de música instrumental, o Cambapé, voltado para estudo e pesquisa da MPB, Jazz e Fusion. Nesse circuito as coisas acontecem depois do mês de março. Enquanto isso a gente aproveita para estudar.

Entre os freelances, estou tocando com uma cantora chamada Vivian Salgado, é uma Samba antigo, ou Funk, uma coisa bem moderna.

O pessoal tem uma visão meio mitológica do Rio, a galera daqui achando que o pessoal de Sampa está trabalhando direto e vice-versa. Músico hoje em dia não pode ser só músico. Dou aulas também.

Site Batera: O que você está preparando para a apresentação do dia 24, na Alemanha?

Tiago: Hum, não sei.

Quando contei para o mestre (Kiko Freitas), ele só falou para não deixa subir para a cabeça.

Na verdade não consigo mais premeditar as coisas. Na apresentação no Batuka, durante  o solo me veio o tema da “Família Adams”, não sei se você percebeu? Mas meu pai, que estava na platéia, percebeu porque tínhamos assistido ao filme no dia anterior. No vídeo me veio algo da Lady Gaga na hora, e foi embora. Tento deixar fluir, acho que é isso.
 

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Ítalo Brunno é um dos bateristas da nova geração que realmente vem se consolidando ao longo de sua estrada. Com apenas 30 anos já tem um dos melhores institutos especializados do país, o Alicerce dos Tambores, viaja por todo o país realizando workshops e master classes e têm dois DVDs lançados, o “Ritmos Lineares” e também o Promo DVD “Eletro Lineares Grooves". Além disso, se dedica a gravações e produções e já trabalhou com instrumentistas de alto gabarito como: Owsvaldo Amorim, Hamilton Pinheiro, Flavinho Silva, Juninho di Souza, dentre outros.
 
O Batera.com.br bateu um papo com ele sobre sua carreira e seus projetos.
 
 
Batera: Como surgiu a ideia de montar o Instituto de Bateria?
 
Ítalo: O instituto Alicerce dos Tambores surgiu no ano de 2005, mais a ideologia do instituto e o nome do mesmo surgiram ao longo da minha carreira como professor e educador. Desde os 17 anos de idade eu já tinha desenhos nos meus cadernos de segundo grau do logotipo do instituto e também uma breve apostila que hoje, atualizada, é o nível que utilizamos no curso regular de bateria em Brasília.
 
Batera: Sabemos que ano passado você elaborou um material que, de certa maneira, foi o início de tudo em sua carreira. Seu primeiro DVD que colocou você na estrada. Conte um pouco como foi o início, as primeiras turnês e o lançamento do primeiro DVD e sua repercussão.
 
Ítalo: Na verdade, eu já estava na estrada a mais tempo e os meus primeiros workshops começaram pelo sul do país. A primeira oportunidade e cidade que abraçou o meu trabalho foi Campo Grande. Em 2008, lancei uma demo de um disco instrumental que levava o meu nome. De lá pra cá não parei mais, e comecei a solidificar o trabalho com o lançamento em 2009/10, do meu primeiro DVD "Ritmos Lineares". Com ele viajei todo o Brasil com a turnê “Alicerce Lineares Tour”, obtive matérias em revistas especializadas como a  BackStage e sites também. 
 
Realmente concretizei um sonho que comecei em 2006 com o projeto e, somente em 2008 consegui começar, graças a Deus. A estrutura tem aumentado a cada ano e estou crescendo nesse ramo o qual adoro; o de trabalhar fazendo música de qualidade e representando produtos para bateristas.
 
Batera: Você disse que começou o seu projeto de realizar workshops em 2006
certo? Quais foram as dificuldades e porque você demorou tanto para conseguir realizar esse tipo de trabalho?
 
Ítalo: Bom, primeiramente foi o período de treinamento e preparação, demorei também devido aos estudos para realizar os meus primeiros eventos e depois foi tudo natural na medida das dificuldades. Quando realmente começamos a vender os workshops que eu estava com tudo
pronto ai vieram as portas fechadas, devido eu, na época, ser apenas um baterista tentando entrar no mercado. Acredito que sejam naturais essas dificuldades até porque nunca realizei workshops somente por divulgação e acredito que isso não possa ocorrer. São horas de estudo, treino e empenho. É muito tempo investido para desvalorizarmos o trabalho de tal forma. Graças a Deus, sempre fui valorizado desde o início e tive produtores que me ajudaram muito. Hoje em dia faço meus eventos com total transparência e os resultados têm superado todas as expectativas.
 
Batera: Com você conciliar uma agenda cheia de workshops com seus estudos? 
 
Ítalo: Bom, no início quando comecei a trabalhar com workshops nacionais percebi que precisaria otimizar o meu tempo o bastante para conciliar as gravações, shows, a vida de um baterista normal, e a vida empresarial afinal de contas o Alicerce hoje conta com 13 professores e 5 salas de aula mais uma secretária, faxineiros e tudo mais.  Eu tentei muitas vezes estudar após o expediente mais o mesmo estudo não rendia, devido ao estresse do dia a dia. Então eu comecei a colocar outros professores de bateria e selecionei mais os meus alunos e dessa forma eu deixei alguns dias semanais para treinos de eventos e workshops.
 
Batera: Sobre o seu Instituto Alicerce dos Tambores, como você consegue em meio a tantos trabalhos e viagens conciliar o instituto e o lado de empreendedor e empresário com o lado baterista e musicista?
 
Ítalo: Realmente é muito complicado, tenho a secretária do instituto e quando faço turnês realmente tenho que ter uma equipe bem treinada e de confiança, pois afinal de contas o trabalho do Alicerce dos Tambores não pode parar. Tenho vários cursos e somos um instituto completo, tenho professores mais experientes e parceiros como Edinho Silva e Daniel Oliveira que trabalham em meu instituto e também jovens profissionais. O que tenho a dizer e que o Alicerce a cada dia ganha novos mercados e acredito muito no crescimento da empresa devido à união e amizade que fomentamos desde equipe de professores ao resto dos funcionários faxineiros, secretária, etc.
 
Batera: Recentemente você abriu duas etapas da "Brazil Clinic Tour" do baterista Australiano Virgil Donati, o qual nos dias atuais é uma das maiores referências no mundo baterístico. Como foi a emoção de abrir duas etapas em cidades distintas? E principalmente como foi estar em frente a um ícone da bateria mundial?
 
Ítalo: Realmente esse trabalho foi o de maior honra em minha carreira, o convite partiu da Urban Boards, através do Rodrigo Castilhos o qual serei agradecido eternamente. Sobre o Virgil sem comentários quando o peguei no aeroporto nem acreditava que ele estava no banco do meu carro, foi algo surpreendente mesmo. Como fã, produtor e baterista, estava realizando vários sonhos em um só evento e isso me deixou muito feliz realmente. Tive apoio de todos os institutos de bateria aqui de Brasília e junto com o Virgil e com o grande público fizemos uma grande festa. Se não bastasse tudo isso ainda abri a etapa de Mato Grosso do Sul e pude ver um baterista extremamente profissional e competente dentro e fora do palco e posso falar que realmente o Virgil Donati é um grande merecedor de tudo isso.
 
Batera: Tendo viajado por todo o país, você arriscaria a traçar um ‘perfil’ do baterista brasileiro?
 
Ítalo: Tentar traçar o perfil do baterista brasileiro é muito difícil. Já rodei por vários Estados em todo o País e o que posso dizer que se fosse para traçar algum perfil eu colocaria o baterista brasileiro como o mais versátil possível dentro da colocação cultural e de riquezas rítmicas.
 
Batera: Brasília é conhecida como celeiro de grandes bandas de rock. Como é o senário musical em relação a outros gêneros musicais?
 
Ítalo: Realmente mudou bastante e tem crescido muito. Temos de tudo aqui como uma boa galera do instrumental, pop, soul, samba e outros gêneros. Acredito que logo teremos mais artistas brasilienses trilhando pelo país não somente no rock.
 
Batera: Sobre a sua pesquisa dos ritmos lineares, como foi que foi despertado em você essa técnica? Ela hoje é o seu principal estudo?
 
Ítalo: Definitivamente os ritmos lineares é hoje a técnica pela qual eu procuro desmembrar a minha assinatura como baterista. Acredito que os estudos que faço com eles, me proporcionam uma economia de energia e priorizam a técnica dentro do groove, colocando os improvisos lineares com fraseados diferenciados, deixando uma espécie de nuvem rítmica bastante rica solidificando os ritmos e abrindo possibilidades infinitas de aplicação.
 
Batera: Qual é a grande contribuição que o estudo de grooves e frases lineares podem trazer para um batera?
 
Ítalo: Os Ritmos Lineares, além de aumentar o vocabulário de um novo instrumentista, podem enriquecer de maneira sólida a sua maneira de conduzir, de fazer levadas e solar. No entanto, não podemos esquecer que essa técnica pode ainda elevar o grau de subdivisão do
ritmo e a visão do mesmo para o baterista. Lembrando sempre o bom gosto e a manutenção do exagero técnico e a priorização da música como um contexto primordial e o técnico como o complementar (mais não menos importante).
 
Batera: Em 2011 você realizou outra turnê de workshops lançando um novo material o DVD promocional "Eletro Lineares Grooves".  Fale a respeito desse novo DVD.
 
Ítalo: Na verdade esse projeto era para ter saído um pouco antes, mais fiquei muito atarefado com os compromissos do workshop do Virgil Donati e acabei atrasando a gravação desse meu primeiro CD/DVD. Nesse DVD estou lançando um trabalho de pesquisa e ao mesmo tempo o meu primeiro disco solo. É uma pesquisa eletro eletrônica que faço com um produtor amigo aqui em Brasília, o Victor Hormidas. Diga-se de passagem, ele realiza o trabalho como ninguém. Nesse DVD haverá 9 faixas inéditas com uma mistura fusion de DubSteb e outros estilos eletrônicos com uma bateria metade eletrônica e metade acústica. Como tive que atrasar a produção desse material, para não ficar parado lancei uma versão resumida do projeto e viajei no segundo semestre lançando pelo país e graças a Deus a repercussão foi nota mil.
 
Batera: Quais são seus projetos para 2012?
 
Ítalo: Lançar na íntegra o meu novo DVD e tocar, gravar, fazer workshops, shows e dar muitas aulas. Os objetivos estão concentrados nisso e principalmente em começar a atingir o mercado internacional.