Ae galera o Léo Freire, novo colaborador aqui do site me mandou um artigo que ele elaborou muito legal para colocar aqui no ProBatera sobre afinação de bateria, eu mesmo sou muito ruim para afinar heheh. Bom vamos lá:
Conceito
De uma grossa maneira, um tambor é um casco coberto, em suas extremidades, por uma membrana vibratória; quando a membrana é percutida, obtemos o som. As características desse som dependem de vários fatores: o material no qual é confeccionado o casco, o tipo de pele (membrana), a força do impacto da baqueta na pele, a área do impacto, a tensão da pele (o quanto ale está esticada), e a acústica do local.
Sofrendo a influência de todos esses fatores, a variedade de sons que podemos obter de um tambor é ilimitada. Um fator importante que atua nessa variedade de sons é a tensão que está sendo aplicada sobre a pele – que é a afinação. Tanto a composição quanto às medidas de altura, diâmetro e espessura do casco influenciam no timbre, volume e sustentação do som; mas a pele contribui em grande parte nas características do som final obtido.
Básico
A pele é fixada na borda do casco por um aro; o aro é fixado pelas castanhas. Apertando os parafusos o aro pressiona a pele contra a borda do casco. Quanto mais apertada a pele, mais alto será o som do tambor, quando percutido.
Se você nunca afinou sua bateria antes, a melhor coisa a fazer é, em primeiro lugar, tirar as peles velhas. Se você colocar peles novas o resultado será melhor. Se você não sabe que tamanho de pele precisa, simplesmente você deve medir o diâmetro do tambor (geralmente em polegadas).
Cheque a borda do tambor. Está limpa? Qualquer defeito na borda pode influenciar no som.
Quando se coloca peles novas, alguns bateristas recomendam você colocá-las no tambor, apertar bem os parafusos e deixar assim por algumas horas; com a pele bem esticada, para tirar as tensões da cola que fixa a pele no aro. Depois que fizer isso, retire a pele do tambor e comece o processo de afinação.
Coloque a pele no tambor, o aro e os parafusos apertando-os com os dedos até onde conseguir (procure manter sempre a mesma tensão para todos os parafusos). A pele ainda estará frouxa. Agora você pode usar a chave de afinação. Aperte os parafusos sempre em cruz. Os seguintes diagramas mostram a ordem de aperto dos parafusos para tambores de 4, 6, 8 e 10 afinações:
Comece pela pele de baixo (resposta). A primeira coisa a fazer é procurar igualar a tensão em todos os pontos da pele. Conforme você vai apertando os parafusos, vá controlando o som, percutindo na borda da pele, próximo a cada parafuso, e tente obter o mesmo som de cada ponto. Faça o mesmo com a pele de cima (batedeira).
A altura (afinação) da pele depende das características do casco, da tensão da pele de resposta e de sua relação com a afinação dos outros tambores.
As Características do Casco
Cada casco tem sua vibração numa certa frequência. Você pode determinar essa frequência pegando o casco sem as peles, segurando-o levemente, e golpeando-o levemente com uma baqueta de feltro ou borracha.
Quando a pele está sendo afinada, comece por uma afinação baixa (pele solta) e gradativamente vá aumentando a tensão. Você vai perceber que em alguns níveis de tensão a pele vibra bastante, enquanto que em outros ela parece “morta”. O que acontece é que a frequência de ressonância do seu casco (a frequência na qual o casco vibra) também contribuirá para a vibração da pele, ou poderá cancelar essa vibração. O objetivo é encontrar aquele ponto onde a pele e o casco “trabalharão” juntos.
Tensão da Pele de Resposta
Você tem 3 opções para a afinação da pele de resposta:
mesma tensão do que a pele de cima
maior tensão do que a pele de cima
menor tensão do que a pele de cima
Cada uma dessas opções produz diferentes resultados.
Mesma tensão para as duas peles
Isto produz um som com bastante “sustain” – (boom). O ataque pode ser preciso, depende da tensão da pele de cima (batedeira), e sua ressonância será longa. Sem uma variação de tensão entre as duas peles o som ficará “morto”.
Pele de baixo com menor tensão que a de cima
O “decay” e “sustain” são diminuídos. Pouca definição de timbre.
Pele de baixo com maior tensão que a de cima
Aqui sim as coisas se tornam interessantes. Permite um melhor controle da ressonância e do timbre.
Quando você toca na pele de cima de um tambor, o ar contido neste tambor é imediatamente comprimido. Isso provoca a ressonância da pele de baixo. A pele de cima, por uma fração de segundo, é levemente abafada pelo contato da baqueta. Consequentemente a pele de baixo produz o som completo antes que a pele de cima. Então se a pele de baixo estiver mais tensionada que a de cima, você vai certamente ouvir o som dela ressonar primeiro, seguida pela pele de cima, dando o efeito de “pitch bend” – ( bwow).
Afinação Relativa com Outros Tambores
Há pessoas que dizem que afinam suas baterias em intervalos de terças ou quintas. Mas mesmo que cada tambor esteja afinado o timbre obtido pode não ser agradável. Em outras palavras, o tambor pode estar exatamente afinado numa nota e seu som (timbra), uma droga! O importante é procurar manter um equilíbrio; um intervalo que soe agradável entre um tambor e outro. Não há regras específicas quanto a isto, aja visto que cada estilo de música possui seus timbres particulares. Provavelmente você nunca irá ver um baterista de Reggae afinar seu instrumento como o Alex Van Halen afina o seu, por exemplo.
Você deve afinar e re-afinar sua bateria, especialmente se você toca vários gêneros de música. A experiência é o melhor caminho.
Bumbo
O bumbo é a “batida do coração” da bateria. O bumbo sempre terá duas peles – bem, porque ele tem duas peles se vamos percutir em uma só? E qual a função daquela abertura (furo) na pele da frente?
Todas as respostas mentem no complexo mundo da AFINAÇÃO. Muitos bateristas realmente não sabem como fazer o bumbo soar bem, eles apenas colocam um cobertor ou travesseiro no seu interior. A razão pela qual o bumbo é feito de madeira, e o porque das duas peles é esta palavra, que sempre está presente quando se fala de afinação de bateria: RESSONÂNCIA.
Ressonância é a vibração do tambor quando depois que você percute nele com a baqueta, ou do bumbo quando percutido com o “pirulito” (batedor do pedal). É o mesmo que pôr a cabeça dentro de um tambor de óleo e gritar “Alô”. A verdade é que você tem que usar algo para abafar o bumbo. O quanto você vai abafar depende das dimensões do bumbo e do som desejado. Alguns bateristas usam um cobertor encostado na pele de trás e da frente, outros usam travesseiros. Existem também os “Muffles” de vários modelos e marcas, que são abafadores desenvolvidos pelas empresas que fabricam as peles.
Bem, o processo inicial de afinação é o mesmo de qualquer outro tambor. Coloque a pele, o aro e aperte os parafusos com os dedos até fixar bem. Depois aperte cada parafuso em cruz, como já mostramos anteriormente, procurando igualar a tensão em todos os pontos da pele. Como nos outros tambores, você deve experimentar vários tipos de abafadores e tensão nas peles. Novamente, o timbre vai depender muito do tipo de música a ser tocada e do gosto pessoal do músico.
Tome cuidado com o assunto – ressonância. Se seu bumbo tem uma “sobra” de som, seu groove pode soar indefinido, principalmente ao aplicar muitas notas no bumbo.
Caixa – Afinação da Pele Batedeira
Coloque a pele e o aro. Com os dedos, aperte cada parafuso até que o aro faça pressão sobre a pele esticando-a um pouco. Os parafusos devem virar facilmente, não os force com a chave de afinação. Esteja certo de que todos os parafusos têm a mesma tensão.
Se há algumas “ondas” na boda da pele, você deve assentá-la com sua mão. Coloque sua mão no centro da pele e force apele para baixo várias vezes. Agora verifique novamente a tensão em cada parafuso.
Afinando cada Ponto de Tensão
Agora, com a chave de afinação, aperte levemente (meia volta da chave) os parafusos sempre de maneira cruzada. Conforme aperta os parafusos, toque no centro da pele para verificar o som, até que chegue numa tensão desejada.
Afinando a Pele de Resposta
A pele de baixo (resposta) é muito mais fina que a pele de cima porque ele tem que vibrar, permitindo que a caixa responda à esteira. Tome cuidado com a pele de resposta, é muito fácil danificá-la. Use o mesmo processo de afinação da pele superior, verificando a tensão em cada parafuso.
Ajustando a Esteira
Depois de colocadas e pré-afinadas as peles, coloque a esteira. Verifique se ela está centralizada, isto é, o mesmo espaço nas duas bordas.
Ajustes Finais
Agora você está pronto para fazer os ajustes finais. Coloque a caixa na estante, e vá experimentando – a tensão das peles, a tensão da esteira. Procure verificar o som obtido em vários níveis de dinâmica.
Toque os acentos e notas suaves, verificando se a caixa responde bem em todas as situações.
Nota: como sabemos, existem deferentes tipos de caixas em diferentes tipos de material, diferentes espessuras de aro, casco, e diferentes dimensões do casco também. Você deve observar estas características na hora de afinar sua caixa, respeitando seu “timbre natural”.
Acústica da Sala
Tenha em mente que a acústica da sala onde está o instrumento é um fator decisivo no som obtido. Algumas salas vão deixar o som de sua bateria realmente bom, enquanto que outras vão simplesmente te “irritar”. Neste caso, não há o que se possa fazer.
Lembre-se: quanto mais você experimenta, menos medo terá do processo de afinação, e você conseguirá obter uma maior variedade de sons interessantes de sua bateria.
Quem gostou comenta ae. E quem quiser saber mais sobre o Léo é só visitar o blog dele:https://www.leofreirebatera.blogspot.com/