Para se ter uma boa afinação, não basta apenas pegar a chave ou tensor para afinar uma bateria, é necessário entender as características de sua bateria, madeiras, harmônicos, timbres, peles e ressonâncias. Para isso, aqui vai um breve tutorial para entender melhor toda essa estrutura que faz grande diferença no resultado final de uma microfonação, gravação ou show.

 

 

1. Os intervalos de medida entre os tambores fazem grandes diferenças na hora de obter uma melhor ressonância entre eles. (Ex: Tom 8x10 / 10x12 /...).

 

2. O diâmetro dos tambores influencia muito mais nos harmônicos do que a profundidade.

 

3. Um pequeno movimento no parafuso e o tipo de aro utilizado diferem drasticamente numa afinação. A mudança de som difere mais ainda se a pele que estiver afinando for a de resposta (a pele debaixo ou 2ª pele).

 

4. Existem variáveis diversas que deverão ser observadas se for tocar em um local amplo ou um local pequeno.

 

a) A diferença do tamanho do local pode influenciar no tipo de afinação que utiliza, ou seja, a afinação de um local pequeno poderá diferir da afinação em um local grande.

 

b) Os tipos de peles a serem utilizadas deverão ser levados em consideração. Um jogo de peles com muito *sustain poderá ser ruim para seu técnico de som. Ainda mais se o baterista estiver inspirado, o som pode parecer abafado numa sessão de gravação ou num local maior, levando em conta harmônicos prolongados e o conjunto obtido com outros instrumentos.

 

c) A distância dos microfones das peles dos tambores diferencia no resultado final. Em locais maiores com microfones muito próximos as peles, tipicamente os bateristas usam peles duplas (tipo Pin Stripe), pois o som fica mais abafado e controlado. Há de se poupar uma porção de energia, dependendo do tamanho do local, pois a reverberação chega com atraso à plateia, assim como em lugares maiores requer-se um modo mais simplista ou seletivo das notas e viradas, pois o público não ouvirá os detalhes. Por exemplo, colocar um microfone perto da borda externa de um tambor, pode captar harmônicos de alta frequência, mas situá-lo apenas uma polegada a mais de distância, estes mesmos harmônicos diminuiriam dramaticamente.

 

d) Menos caro não significa inferior, em alguns casos, pode acontecer ao contrário desde que se obtenha o som desejado.

 

5. Você deve esticar as peles (sem nenhum motivo) em todos os tambores. Este assentamento é necessário e muito importante no processo de se obter um som com qualidade e consistência.

 

 

1. Peles porosas são consideradas mais "encorpadas", anulando totalmente o harmônico agudo e deixando-a mais grave.

 

2. Peles transparentes são consideradas mais brilhantes e trazem mais vida e em grande parte das vezes um som mais nítido.

 

3. Peles chamadas Ebony (peles escuras), são consideradas o meio termo das duas anteriores. Elas cortam os agudos de alta frequência, mas mantem o brilho dos harmônicos.

 

 

Existem várias lendas sobre madeiras como, uma madeira Z é melhor que uma madeira Y, cor e densidade de madeira que influência nos timbres e etc., mas na verdade, o que influência no produto final é a escolha da melhor peça a ser trabalhada. Não existe madeira melhor ou pior, existem madeiras que trabalham em timbres e *sustain diferentes. O que influência na qualidade do instrumento é a porcentagem de umidade que a madeira absorve que deve ser em torno de 12%. Cor e densidade de madeira não influência diretamente no som (Timbres). A densidade influência no *sustain. Quanto menor o índice logarítmico da peça ou madeira, maior o *sustain, ou seja, quanto mais fino for à espessura da madeira da bateria, mas *sustain terá. Mas isso dependerá de N variáveis como afinação, a escolha da pele e madeira. 

 

Todos esses itens devem ser abordados ao escolher uma bateria. Uma mesma madeira pode ter índices logarítmicos diferentes. (Abordarei mais detalhes sobre madeira no Artigo 2).

 

Como exemplo, utilizarei a Maple; imaginemos uma bateria com 10 folhas de Maple e uma com 20 folhas. Qual terá maior *sustain? Qual terá mais volume e graves? A bateria com 10 folhas terá maior *sustain, menos volume e será mais aguda. A com 20 folhas, terá menos *sustain, mais volume e será mais grave. Abaixo segue a lista das madeiras mais utilizadas não só em baterias como outros instrumentos diversos, para iniciar a escolha da bateria que mais agrada.

 

1. Mogno ou Mahogany: É uma madeira de densidade média um pouco mais leve que a Maple, tem timbre médio-grave.

 

2. Maple: É uma madeira tonal (tone wood) ou acústica, que transmite bem as ondas sonoras e de timbre agudo.

 

3. Pau Marfim: Similar ao Maple, porém, um pouco mais pesada, os especialistas dizem a Pau Marfim timbra com um pouco mais de brilho que a Maple.

 

4. Pau Ferro: É uma madeira muito dura e pesada. Pelo fato dela ser muito densa, ela nos proporciona um maior *sustain, tendendo para timbres agudos.

 

5. Roxinho ou Purpleheart: É uma madeira pesada. Pertence a família do Jacarandá. Possui o timbre puxado para o agudo.

 

6. Basswood: É uma madeira de baixa densidade, respectivamente leve de baixo custo por ser mais barata no mercado de madeiras, possui uma coloração amarelo acinzentado de timbre médio-grave.

 

7. Rosewood ou Jacarandá: É uma madeira de alta densidade, muita diferença de qualidade entre o Rosewood e a nossa Jacarandá ou se preferirem a nossa Brazillian Rosewood, possui grande *sustain além de ser muito resistente e de timbre agudos estalados.

 

8. Imbuia: É uma madeira densa, possui um timbre grave profundo e bonito com bom aproveitamento de *sustain.

 

9. Wenge: É uma madeira de origem africana muito dura e resistente de cor castanho escuro. Muito utilizada pelos instrumentos da Alembic e Warwick que por sua resistência e rigidez também é muito utilizada na confecção de arcos e flechas. Possui um timbre mais estalado, com brilho médio-agudo.

 

10. Ash: É a madeira de densidade baixa o que torna o instrumento mais leve, geralmente utilizada para compor o corpo das guitarras e baixos. É uma madeira macia de timbres médios e *sustain superior ao Alder.

 

11. Alder: Assim como a Ash, é uma madeira de baixa densidade, então seu peso também será moderadamente leve. Ela é utilizada em 90% dos baixos e guitarras da Fender USA. Seu timbre médio e possui um médio *sustain.

 

12. Cedro: É uma madeira de baixa densidade, muito leve, impermeável, visualmente muito parecida com o mogno. Muito estável, com timbre médio-grave e aveludado.

 

13. Pinho: Madeira de baixa densidade, de resposta rápida, médio *sustain, timbre agudo, muito utilizada na construção de tampo de violões, cavaco, viola, etc.

 

14. Ébano: Madeira de altíssima densidade, muito *sustain, alta reflexão do som, muito estável, timbre agudo, é a madeira mais cobiçada para escalas de instrumentos devido a sua dureza e alta resistência a empenamentos.

 

15. Marupá: madeira brasileira de baixa granulação, clara leve e ressonante, baixa densidade, sem veios, timbre médio-agudo.

 

16. Poplar (Choupo): madeira do hemisfério norte, média granulação, sem veios, timbre médio.

 

17. Agathis: madeira do sudoeste asiático, leve e de timbre médio, baixa granulação, sem veios.

 

18. Freijó: madeira brasileira de média granulação, um pouco mais densa que o cedro, timbre médio, sem veios.

 

 

1. A pele onde você bate, controla o ataque do som enquanto a pele de resposta (a pele debaixo) produz ressonância e soma sustain, contribuindo com maior efeito nos harmônicos e destaque no timbre do tambor. Quanto mais esticada for a pele debaixo menor *sustain ela terá e os harmônicos ficarão mais curtos.

 

2. É necessário tomar cuidado com a afinação, pois o baterista normalmente concentra-se no som produzido de sua batida (pele superior), e quem ouve de fora, por exemplo, num salão, ouve de forma diferente e muitas vezes de qualidade inferior. E isso também se aplica se for utilizar microfonação.

 

3. É primordial focar numa afinação os harmônicos de alta frequência, ou seja, os mais agudos.

 

4. Quanto mais "conforto e maciez", os tambores estiverem como permitem a você ouvir o ponto de claridade do tambor, isola harmônicos e pontos de ressonância.

 

5. Sempre use peles iguais, onde você bate (batedeira) com as de resposta, assim conseguirá produzir o som na sua essência.

 

6. Tome cuidado com a qualidade dos parafusos, buchas e canoas, pois mesmo tensionado os parafusos de forma equivalente (chave de afinação com torquímetro), problemas nos cascos por má qualidade, acabam produzindo tensões desiguais no filme da pele ou até deformando o aro desta, fazendo com que o assentamento da pele deforme a mesma, podendo até estragar a pele mesmo antes de afinar.

 

7. Em geral utilize peles de filme simples na resposta.

 

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